quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

"O Ensino Superior é um ensino terminal?". Reflexão sobre a evacuação de estudantes transgêneros antes ou durante o Ensino Médio e a entrada deles no Ensino Superior.

Durante as reflexões sobre o livro "A condição do estudante" de Alain Coulon, uma das primeiras frases ditas em sala de aula me chamou bastante atenção: "O primeiro ano é marcado pelos autos índices de fracasso e abandono" se referindo ao primeiro ano dentro do Ensino Superior quando o(a) estudante acaba de sair do Ensino Médio e está vivenciando seus primeiros momentos numa educação superior. Mas será que antes mesmo desta fase acontecer, esses índices de prejuízos já marcavam a vida de muitos estudantes? 


Todas instituições de ensino recebem crianças e jovens com idade, etnia e famílias diferentes, portanto é formada por estudantes diversos, tendo como compromisso o acolhimento e respeito por qualquer um que  frequentar este espaço segundo um dos princípios da educação escritos em lei. 
Mesmo estando em lei, muitos estudantes lgbtqia+, na maioria jovens transgêneros saem antes mesmo de completar o ensino médio por consequência da transfobia realizada pelos próprios colegas ou de adultos que trabalham no ambiente escolar. 
Quando esses jovens se deparam com uma situação como esta em que lhes negam o uso do nome social nas listas de presença em sala de aula, do uso do banheiro correspondente ao gênero que se identifica e a diária exposição a humilhações, xingamentos e outras agressões psicológicas ou até mesmo físicas o que na maior parte das vezes ocorre, esses estudantes saem do colégio e poucos conseguem concluir seus estudos. 
O Ensino Médio para muitos já é um "ensino terminal" por falta de tempo ou oportunidade para se dedicar aos estudos e ter que dar prioridade ao trabalho, já para outras pessoas é só mais uma opção não querer cursar o Ensino Superior. Atualmente, o número de adolescentes transgêneros que frenquentam  colégios e faculdades é muito reduzido, de quarenta e cinco alunos em uma sala, por exemplo, apenas um é trans ou nem sequer existe este aluno presente.
Com a criação das cotas trans, o Ensino Superior está passando a ser um caminho a mais para esta comunidade, abrindo portas que antes estavam fechadas e quem sabe o ensino superior se torna um "ensino terminal" para muitos estudantes lgbtqia+.

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